Para Refletir

Há momentos na vida difíceis de serem suportados, em que a única vontade que sentimos é de chorar, pois parecem arruinar para sempre nossa vida. Quando um destes momentos chegar, lembre-se que ainda não chegou o fim, que a sua história ainda não acabou e que ainda há esperança. Corrie Ten Boom disse: "não há abismo tão profundo que o amor de Deus não seja ainda mais profundo". Este amor você encontra aqui, um lugar de esperança, consolo e paz, e aqui encontrará a oportunidade de conhecer a verdadeira vida, uma vida abundante com Cristo.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

LIÇÃO IX – A ADOÇÃO DE FILHOS


1  Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo.
2  Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo pai.
3  Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo;
4  vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
5  para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.
6  E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
7  De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus (Gl 4.1-7).
Introdução
O que é a doutrina da adoção? Quais os direitos dos filhos de Deus? Como é que conseguimos esses direitos? Quando ela ocorre na vida do cristão?
O termo “adoção”, na sociedade de hoje, é o meio pelo qual um estranho pode tornar-se membro de uma família. O dicionário Aurélio define o termo “adotar” como: Atribuir (a um filho de outrem) os direitos de filho próprio; perfilhar, legitimar. É o que acontece na doutrina da adoção. Somos legitimados como filhos de Deus quando convertidos.
Todos os homens são criaturas de Deus. Como, então, nos tornamos filhos de Deus? Pela fé em Jesus Cristo. Somente aqueles que crêem em Cristo podem ser realmente chamados filhos de Deus.
A adoção ocorre ao mesmo tempo em que acontece a justificação e a regeneração. Mas pela ordem das palavras somos justificados diante de Deus, regenerados pelo Seu Espírito e adotados pela Sua graça.
As Escrituras não associam a adoção com a regeneração, o novo nascimento, mas com a fé em Cristo, ou seja, Deus nos aceita em Sua família em resposta à nossa fé. Somente através da fé no Filho de Deus, o homem pode retornar ao seu estado original de comunhão íntima com Deus. O que nos ensina esta doutrina tão preciosa na vida do Cristão?
1 – A adoção nos é concedida tão somente pelos méritos de Cristo
A doutrina da adoção nos ensina que ela é um ato da graça soberana de Deus, pela qual Ele concede àqueles que aceitam a Jesus Cristo como salvador, todos os direitos, privilégios e obrigações de filhos. Por isso João nos diz:
12  Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome (Jo 1.12).
Por este texto podemos dizer que a adoção é um ato pelo qual Deus nos faz membros de Sua família por meio de Jesus Cristo. E João confirma isso em outro texto quando diz:
1  Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo.
2  Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é (1 Jo 3.1,2).
E o apóstolo Paulo também diz:
26  Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus (Gl 3.26).
De fato somos filhos de Deus, mas como isso é possível? Na justificação, Cristo assumiu as responsabilidades da nossa dívida e nos concedeu as suas riquezas. Semelhantemente, na adoção, Jesus Cristo assumiu a nossa posição de escravo e nos concedeu a posição de filho, conforme podemos ver:
7  antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
8  a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fp 2.7,8).
E quando Paulo escreve aos gálatas, ele diz a mesma coisa:
4  vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
5  para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos (Gl 4.4,5).
Cristo era o Filho de Deus por direito Seu, mas Ele assumiu a posição de escravo para nos dar o direito de filhos, a saber, aos que crêem em seu nome, através da adoção. O Filho de Deus se tornou homem para que os homens pudessem tornar-se filhos de Deus.
Nós não tínhamos o direito de nos tornarmos filhos de Deus porque éramos rebeldes pecadores, mas quando cremos em Cristo, Deus nos justifica, transforma nossa natureza e nos adota como filhos e a permuta que nos dá esse direito é a obra redentora de Jesus Cristo que assumiu a forma de servo para nos dar o direito de filhos.
Portanto, a adoção é um ato exclusivo de Deus, não sendo o pecador que alcança a adoção por qualquer esforço seu, mas é um ato de Deus em que, pela sua graça, Ele nos concede o direito de filhos. E quais são os direitos que recebemos por sermos filhos?
2 – Os benefícios que recebemos pela adoção
São muitos os benefícios que o cristão recebe por tornar-se um filho de Deus. Vamos ver apenas três deles:
A – O Espírito Santo
6  E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho...
Deus apresentou-se no Antigo Testamento diversas vezes como Pai (Sl 103.13; Is 43.6,7; Ml 1.6; 2.10), mas foi somente quando Cristo veio e morreu por nós que os plenos benefícios e privilégios de sermos membros da família de Deus ocorreram. Eles começaram quando foi derramado sobre os convertidos a mais importante promessa: O Espírito Santo. Ele é o maior de todos os benefícios. O Espírito Santo de Deus em nossa vida faz toda a diferença. É pela sua presença que somos reconhecidos legitimamente como filhos de Deus:
14  Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.
16  O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.14,16).
Todo filho nascido de Deus é adotado no momento em que nasce do Espírito. Naquele momento Deus nos adota e nos faz participantes da Sua natureza. Pedro diz:
1  Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo,
2  graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor.
3  Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude,
4  pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo (2 Pd 2.1-4).
A presença do Espírito vem pela fé em Jesus Cristo e Ele nos é dado para que tenhamos o pleno conhecimento de Deus e pelas promessas de Deus somos participantes da herança eterna de Deus. Temos o Espírito Santo como garantia desta promessa.
B – Uma íntima relação com Deus
6  E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
A palavra aba significa “meu pai” e é uma expressão íntima como a nossa expressão “papai”, portanto, ela expressa uma íntima relação entre os que crêem em Cristo e Deus.
15  Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai (Rm8.15).
O pecado nos separa de Deus, mas pela adoção podemos desfrutar de uma intimidade com Deus. Isto significa que a vida cristã não é apenas obedecer algumas regras, mas sim ter um relacionamento com Deus.
Deus poderia nos perdoar sem nos adotar, mas Ele é tão maravilhoso que nos torna membros de sua própria família. Se Deus tivesse apenas perdoado os nossos pecados e nos resgatado, já seriamos muito mais do que merecíamos, mas seríamos apenas seus servos. Mas somos adotados por Ele para sermos mais que servos: para sermos seus filhos! Não temos com Deus apenas uma relação de temor, mas de íntima comunhão com Ele.
A regeneração tem a ver com a nossa vida espiritual interior, a justificação com nossa posição diante de Deus e a adoção com a nossa comunhão íntima com Deus como nosso Pai.
C – O direito de sermos herdeiros de Deus
E qual é a herança de Deus? Qual a sua riqueza? A vida eterna. A herança dos crentes é a mesma herança de Cristo:
7  De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus (Gl 4.7).
17  Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados (Rm 8.17).
3  Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
4  para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros
5  que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo ( 1 Pd 1.3-5).
O que é de Cristo Ele compartilha conosco: a vida eterna e nós, que merecemos o castigo e a morte, vamos receber a mesma herança de Cristo. Por isso que aquele que crê em Cristo é rico espiritualmente porque receberá a mesma herança eterna de Cristo. Tudo o que é de Cristo é nosso. Temos um reino:
32  Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino (Lc 12.32).
Uma pátria superior:
16  Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade (Hb11.16).
E uma coroa:
12  Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam (tg 1.12).
Deus nos adotou e nos deu o Espírito Santo para despertar em nós o desejo de ter uma vida de intimidade com Ele, nos dando livre acesso a Ele por meio de Cristo, isso significa que o que Deus quer de nós é o nosso amor.
3 – As obrigações da Adoção
O fato de sermos filhos de um Pai tão especial nos traz também algumas obrigações.
A – Devemos ser igual ao Pai
O cristão é aquele que aceita as doutrinas comuns ao cristianismo. Quando ele é chamado de cristão é por que lhe foi outorgado o direito de representar na terra o seu Deus e Pai. Para isso Paulo nos adverte:
1  Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;
2  e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave (Ef 5.1,2).
E Pedro também nos diz:
14  Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância;
15  pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento,
16  porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo (1 Pd 1.14-16).
Quando somos chamados de Cristãos deve-se evidenciar o que realmente deve ser um representante do Reino de Deus, não como afronta alguma, nem como escândalo ou tropeço, mas como uma forma de testemunho da nossa fé a ponto que todos possam conhecer e ver Deus em nossas vidas. Jesus disse:
35  Amai, porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo. Pois ele é benigno até para com os ingratos e maus.
36  Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai (Lc 6.35,36).
O nome Cristão foi dado em Antioquia para distinguir quem seguia os ensinamentos de Cristo, ou seja, um homem quando chamado de Cristão tem a responsabilidade de andar conforme os conceitos que lhe são impostos através da palavra de Deus.
B – Devemos honrar e glorificar o Pai
Jesus fala da influência que o nosso caráter e o nosso comportamento devem causar no mundo. Ele usa um elemento muito significativo para isso: A luz.
16  Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus (Mt 5.16).
Jesus não poderia ter usado uma figura mais vívida para expressar o significado de influência e do que realmente significa ser um discípulo quando usou a metáfora da luz.
Jesus não tem nenhuma dúvida quando fala da influência que a vida daqueles que brilham causa no mundo. O alcance dessa influência é grandioso graças à influência de Cristo neles. Por isso que Paulo diz:
14  Fazei tudo sem murmurações nem contendas,
15  para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo,
16  preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente (Fp 2.14-16).
Nesta atitude de honrar e glorificar o Pai é que somos reconhecidos como seus filhos, pois João diz:
10  Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão (1 Jo 3.10).
E Pedro nos adverte:
11  Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma,
12  mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação (1 Pd 2.11,12).
Quando nos igualamos ao mundo, tornamo-nos inúteis. Não trazemos o testemunho vivificante de Cristo ao mundo. Jesus estabeleceu os filhos de Deus como sal da terra e luz do mundo. Se como filhos e não cumprirmos essa missão nos tornamos filhos inúteis.
Jesus disse que somos a luz do mundo. Isto significa que há algo que devemos fazer. Temos uma função neste mundo como filhos de Deus, da qual não podemos nos esquivar. Nossa influência deve ser sentida, a fim de as pessoas glorificam o nome do nosso Deus e Pai.
Conclusão
Temos uma bela ilustração no Velho Testamento do que significa para nós a adoção com a condição de filhos de Deus. É a história de Mefibosete em 2 Samuel capítulo 9. Ele era filho de Jônatas e não de Davi. Mefibosete, depois da morte de seu pai e de seu avô ficou aleijado, caiu na miséria, no esquecimento, sem herança e sem nenhum direito. Quando Davi assumiu o trono e o encontrou reconheceu-se como servo de Davi, mas por causa da aliança que o rei Davi fizera seu pai Jônatas, passou a comer à mesa do rei como um de seus filhos. Davi restituiu-lhe a herança, os servos, a terra e a sua posição no palácio real, tirando-lhe da condição de miséria para a posição de príncipe. Deus é aquele que nos tira do monturo e nos coloca nos lugares celestiais.
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

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